sexta-feira, 26 de setembro de 2008

O vão que fazem suas mãos é só porque você não está comigo!

Tenho uma tese, que aliás, acho que não é minha. Se bem me lembro, ouvi pela primeira vez do Arthur de Faria, quando eu ouvia a PopRock. A tese é que os artistas são imprescindíveis, sobretudo, os das letras, porque eles conseguem dizer aquilo que pensamos mas não conseguimos articular. Creio piamente nisso. É por isso que eu gosto do Los Hermanos. Eu encontrei-a e quis duvidar! Tanto clichê, deve não ser... Eu que já não sou assim muito de ganhar, junto às mãos ao meu redor, faço o melhor que sou capaz só pra viver em paz... são coisas que eu sempre pensei e os caras escreveram. Maaaaassa! Por isso eu curto os caras.

Até acho engraçada essa coisa outsider dos caras. Achei demais a sonoridade de Los Hermanos, que reflete bem a atitude loser deles. Mas uma coisa me irrita.

Vai ter show do Marcelo Camelo em Poa no mês que vem. Eu, fãzaço, baixei o disco do cara. Nada demais, mesmas maluquices de sempre, MPB, com rock e alguns experimentos. Lá pelo meio do disco, aparece Janta. Pra quem saca de música, os primeiros acordes já demonstram que é pra ser a balada do disco. E lá vem, na voz chorosa do Camelo, Eu quis te conhecer, mas tenho que aceitar, caberá ao nosso amor o eterno ou o não dá. Pode ser cruel a eternidade Eu ando em frente por sentir vontade.

Bem! Bom! Legal! Quando se acha que o cara não tá fazendo apologia ao suicídio, Camelinho capricha na melancolia e dispara Eu quis te convencer mas chega de insistir. Caberá ao nosso amor o que há de vir, pode ser a eternidade má, caminho em frente pra sentir saudade...

O que? Chega de insistir? Caberá o que há de vir? Tá de sacanagem! Deixa eu ver se entendi: ele tem um amor, ela tá próxima, pode ser que seja a mulher da vida dele (caberá ao nosso amor o eterno), mas – como sempre – algo complica as coisas; sei lá, eles estão em momentos diferentes na vida, ela tá com outro cara e não consegue se desencompatibilizar, ele tem que tomar um monte de decisões axiais e não quer envolvê-la em seus problemas, quem sabe ele é meio bocó mesmo e ela a-do-ra um jogo duro, mas, o certo é que eles são afinados, se dão bem, se divertem juntos e ele me vem com essa de Caberá ao nosso amor o que há de vir?

Sei não, mas ele tá de sacanagem! Só pode! A prova é a frase final Eu ando em frente por sentir vontade. Em linguagem não poética, vai insistir, se meter em furadas, sofrer, doer, se perder com outros, tudo, menos consertar aquilo que lhe cabe! Bah, amores são confusos e não precisamos de derrotismo à granel! Se liga Camelo!

Sou bem mais Nando Reis: ... Na minha boca agora mora o teu nome. É a vista que os meus olhos querem ter, sem precisar procurar nem descansar e adormecer. Não quero acreditar que vou gastar desse modo a vida: olhar pro céu só ver janela e cortina. No meu coração fiz um lar o meu coração é o teu lar! E de que que adianta tanta mobília se você não está comigo. Só é possível te amar.

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