sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

TV

E aê! Cá estou. Pra dizer o seguinte: tava vendo meu msn e alguem postou algo do tipo "tv é uma droga". Eis algo que discordo. Parcialmente, na verdade. Meu argumento é o seguinte: tv aberta, fechada, nacional, estrangeira, dia ou noite, sim, passa muuuuita porcaria. Mas também há achados.

É que tv é importante. Li mais que a maioria das pessoas que conheço, não que seja um mérito, é que eu era feinho de dar dó, daí não tinha muitos amigos, mas tenho certeza que minha formação cultural se deu mais que por livros, pelo que vi na tv. É por isso que acho que tv é assunto sério. Não só as roupas, jeito de falar e coisas externas copiamos dos folhetins. Nossa visão de mundo, nossa cosmologia também vem muito daí. Por isso, mesmo atualmente, quando que ligo a tv a cada 15 dias sou um tantim hollywood e projac.

Mas no meio da porcariada - tá, este termo não existe - que gastam nossos olhos, um nome: Aaron Sorkin. Podem ir atrás de qualquer coisa que tenha estas duas palavras, feitas depois de 1995. Sorkin é um roteirista com cara de doido que escreve os diálogos mais interessantes que já foram escritos. Sabem aquele filme simpático com a Annette Bening e, sei lá, o Bill Pulman, Meu querido presidente, sim, é dele. Mas aí que a coisa começa a ficar quente.

Na pesquisa pra esse filminho, no máximo simpático, Sorkin se tocou que queria mesmo fazer um negócio sobre política. Daí nasceu, o que? The West Wing. The West Wing é simplesmente a melhor série de todos os tempos. Opinião minha? Não, da crítica. Ningúem ganhou tantos prêmios. Sete temporadas absolutamente geniais - na verdade, só posso opinar pelas quatro primeiras, que tenho os dvds e assisti umas 17 vezes.

The West Wing tem tudo que uma série boa tem que ter, aquela coisa de te envolver com os personagens, excelentes atores, ótima produção, mas o personagem principal é o roteiro. Sorkin. Digam-me aí qual outra série cita expressamente Rawls e o véu da ignorância, discute o Tribunal Penal Internacional, faz tu pensar que os mandamentos não são apenas dez, põe em discussão cotas, leis protetivas a minorias e ainda tem pencas de milhões de pessoas, que nunca entraram numa faculdade de direito ou política assistindo?

Ok, dirão os incrédulos que sou tendencioso, que é óbvio que um estudante de política vai gostar de uma série sobre... política, que um advogado tem mesmo que idolatrar uma série sobre... leis. Mas não é nada disso. Quando conheci The West Wing, eu tinha, sei lá, uns 17 anos e chegava do trabalho à meia noite. O SBT tinha algo como Séries Premiadas e eu ligava a tv enquanto preparava algo pra comer. Um dia, sentei, comecei a prestar atenção e, fiz a faculdade de Direito e estou no mestrado de Ciência Política.

Sim, espantando qualquer pretensão, sou advogado e serei político por causa da Tv. Tv é cultura - ou instrumento de - meu mundo se forma a partir deste horizonte cultural, ou seja, o que vejo e escuto influencia na minha decisão de me tornar funkeiro ou fuzileiro naval.

Mas, voltando ao Sorkin e suas falas magníficas, para além delas, ele tem a mágica de construir um mundo de trabalho do qual vc quer fazer parte. Sério, agora acabei de ver a primeira e única temporada de Stúdio 60, que ele realizou após deixar The West Wing. É sobre Tv, a produção de um programa de comédia na tv. O que pode ter de legal nisso? Não sei, mas estou seriamente pensando em me embrenhar numa aula de teatro e me tornar comediante ou algo assim. Viram? É como se alguem conseguisse tornar os bastidores da Zorra Total um objeto de desejo, o que é muito porque se alguem conseguisse tornar o programa em si atraente já seria um mérito.

Well, aí está, então Stúdio 60. Assisti a primeira temporada e fico pensando como, num mundo com 24 Horas, The Office e coisas vampirescas, fazem apenas uma temporada de algo com Stúdio 60. Bem, tem links na internet a torto e à direito. Baixem, já que - creio eu - não tem em dvd. Se alguem achar, aliás, me avisa, quero comprar pra mostrar pros meus netos. Ah, e tem o Matthew Perry - o cara mais engraçado de Friends, a Amanda Peeet, que mesmo grávida dá vontade de pegar, o Bradley Whitford - sempre no papel de Josh, o irmão mais velho perfeito.

Procurem o Sorkin. Tv ainda pode inspirar. Tenho dito.