sábado, 1 de maio de 2010

Dos inimigos do Batman!

As pessoas são grandes surpresas! Todos sabemos, mas permitam-me retomar o argumento, o termo pessoa vem de persona, a máscara que os atores utilizavam no teatro grego para dar vida aos personagens. Incrível, portanto, a reviravolta do termo, posto que a persona era exatamente aquilo que escondia, que transformava, que fazia o ator ser menos a pessoa, no sentido que entendemos hoje.

Há quem ainda remonte a origem ao verbo personar, "soar por meio de", assim, a persona servia também para amplificar a voz dos atores no grande picadeiro e então.

Etimologia não ajuda. Mas explica, talvez, esse caracter demasiado humano em que se nos apresenta a persona, à qual atribuímos ares de realidade e o status de pessoa (uma), mas é por trás da qual que se esconde o real. Sociologicamente isso é explicado. Funcionalistas de plantão, desde Parsons vêm com este papinho dos papéis, blábláblá... Psicólogos provavelmente também tem essas nóias: essas minhas conversas bem enveredam por um arremedo da psicologia lacaniana, a incalcançabilidade do real e o todas essas abobrinhas...

E o que há de comum entre o teatro grego e meus rudimentos de latim - ambos apreendidos de Hannah Arendt - franceses de escrita difícil e esta madrugada? A incompreensão do outro, a extenuante tentativa de superar a máscara, o apreendimento das entrelinhas, o garimpo dos sentidos (bah, isso dá um belo nome de livro "O garimpo dos sentidos", por Oseias Amaral).

Enfim, talvez não haja pessoa, apenas várias personas, dizendo isso aqui, escrevendo aquilo ali, agindo assim acolá, sem ser de fato. Perspectiva assustadora.

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