sexta-feira, 14 de novembro de 2008

A vida dos outros

Para a seleção de mestrado tive que estudar um pouco de hermenêutica, uma ciência (?) que coloca uma questãozinha bem complicada e ignorada nos debates sobre a vida: o sentido das coisas. Sabe naqueles dias lights, de tomar vinho com os amigos do peito, abrir o coração, falar sobre coisas esquisitas, que só entre amigos são inteligíveis, mesmo nesses dias, duvido que alguém saia com um Mas tchê, mas porque mesmo que o azul se chama azul? Experimenta pra ver. Mesmo o seu bando de amigos pirados vai te olhar com cara de espanto, e isso pelo simples motivo que precisamos do sentido compartilhado para nos entender no mundo. Se ninguém souber que azul é azul, que presidente é o cara que manda no executivo e que o Los Hermanos é a melhor banda do Brasil e que o Grêmio vai ser campeão do brasileirão/2008, sem esse acordo prévio de sentido, esqueçam a civilidade. Aliás, nesse sentido se nota a riqueza da metáfora da Torre de Babel: (sim, metáfora, porque embora eu venha de uma tradição evangélica pentecostal, é dureza acreditar que o pessoal queria construir uma torre pra chegar ao céu) deitar falando uma mesma língua e acordar sem se entender.

Mas nós somos sábios, a gente se vira. Arrumamos jeito de entender e explicar as coisas, criamos símbolos, fixamos linguagens, como diz um amigo, atribuímos sentido a essa linguagem e convencionamo-los. E a gente jura que dá certo, tanto que acha estranho que alguém se dedique a investigar o sentido das coisa, ora! Mas quando tudo dá meio errado, vem ela, sim, o meio de aproximar uma coisa da outra, senhoras e senhores, com vocês, a metáfora.

Na minha opinião, metáforas são recursos supervalorizados. Ontem, passei quarenta minutos discutindo com o Fabrício a superioridade da descrição sobre a metáfora (na verdade não sei se ele entendeu assim...!). Mas vejam só: Toda vez que falta luz, toda vez que algo nos falta, o invisível nos salta aos olhos,um salto no escuro da piscina...

Sei, sei... só não sei o que o infeliz quis dizer! Caso não lembrem, meus três leitores, metáforas servem para iluminar o que não é compreendido não pra complexificar o discurso. É para evitar a confusão, não para criar metalinguagens.

Na verdade, esta é uma bronca antiga que venho tendo com o mundo: queremos explicar uma coisa, por exemplo, a sociedade, mas ao invés de dizer como ela funciona inventamos uma teoria e passamos a discutir o que significa cada termo dentro do raio da teoria, depois, quais conceitos da teoria são mais importantes, depois, começa-se a ver a sociedade nos temos da teoria e quando as coisas não fecham, óh que pena, a sociedade tá errada.

Sério, desde que vi algumas das pessoas mais inteligentes que conheço fazendo isso, começou a se embalar no trapézio do meu cérebro (viram, isso que é metáfora: uma imagem conhecida para presentar um processo bioquímico que não sei descrever; e que não é minha, como sabem, é do M. de Assis) uma palavra: obtusidade. O que difere o inteligente do brilhante. Aliás, a grande descoberta desse ano é que a inteligência, tenham certeza, a inteligência não serve pra nada.

Bem, a idéia era falar sobre outra coisa, não sei porque acabei parando aqui. Té mais!

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